Entrevista com o jornalista Marcos Guiotti


Hoje publicamos uma entrevista com Marcos Guiotti, jornalista das rádios Globo e CBN e comentarista do SPORTV/PPV.

Guiotti (direita), recebendo prêmio das mãos o jornalista
 Heródoto Barbeiro.
OE: Guiotti, conte-nos um pouquinho de sua trajetória como jornalista.
Guiotti: Eu fiz Economia na PUC-DF e depois fui fazer Jornalismo na UFJF. Comecei a trabalhar na TV Globo de Juiz de Fora e quando formei fui morar um tempo na Inglaterra. Na volta fixei residência em Belo Horizonte, onde trabalhei como repórter nas TVs. Globo, Minas, Bandeirantes, Alterosa e Manchete. Depois de 5 anos de formado passei para o Rádio. Estou nas Rádios Globo e CBN há 17 anos. Hoje sou coordenador de jornalismo e esporte nas duas rádios. Sou comentarista do SPORTV/PPV. Colunista do Jornal O Tempo e Professor universitário há 10 anos. Para ocupar o último tempinho livre estou estudando Direito na Faculdade Estádio de Sá.
OE: Em todas as áreas, profissões, quando iniciamos a carreira, ou até mesmo ainda na faculdade, admiramos ou até nos inspiramos em um profissional do segmento, em quem Marcos Guiotti se espelhava e dizia: “Quero ser igual a ele(a)”
Guiotti:  Sempre fui ouvinte de rádio. Gostava muito dos antigos repórteres da Rádio Globo Rio. Denis Menezes, Iata Anderson, Kléber Leite. Tive um professor na Faculdade muito bom. Márcio Guerra e também Juca Kfouri.

OE:  Qual foi sua maior realização profissional?
Guiotti: São várias. Cada uma a seu tempo. Já entrevistei muitas pessoas importantes. Presidentes de vários países, Personalidades de várias áreas. Cobertura de eventos importantes, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, Fórmula um... etc. são tantos eventos que sempre trazem muita realização.

OE: Hoje em dia, com tantos meios de comunicação, redes sociais, as notícias (ou rumores e boatos) ‘viajam’ muito rápidas, neste novo cenário, qual é o diferencial de um jornalista? E quais os desafios da profissão?
Guiotti: O diferencial é construído ao longo to tempo. As pessoas precisam perceber o seu estilo. É preciso manter as regras básicas do jornalismo. O desafio é constante. Faça o que você acha que é correto e fique em paz com você mesmo.

OE: Como anda o mercado profissional? Você, como professor, geralmente como são absorvidos no mercado os novos jornalistas formados?
Guiotti: O mercado está sempre ruim. Quando formei em 1986 diziam que seria difícil conseguir emprego. Nunca fiquei sem trabalho. O nosso mercado é muito dinâmico. Você deve estar preparado para as oportunidades. Elas sempre aparecem. Gosto de dizer que para o bom profissional não falta emprego. Os veículos estão sempre contratando, mudando equipe, reduzindo, ampliando...

OE:  O futebol envolve paixão de milhares, e na maioria das vezes o torcedor deixa a razão de lado e só age com o sentimento. É comum ler na internet torcedores revoltados com jornalista A ou B por um comentário contrário ao seu clube, aí surgem a intermináveis discussões sobre o chamado ‘clubismo’, ‘bairrismo’, enfim, como tratar isso? E o que você pensa dos jornalistas que declaram seu clube?
Guiotti:  Essa é uma opção de cada um. São duas correntes: Uma acha que deve revelar o time e outra que acha que não deve. Apoio as duas. Isso para mim é irrelevante, pois não muda em nada a minha opinião.  Acho que deve ser tratado de forma natural. Os cruzeirenses acham que sou atleticano e os atleticanos acham que sou cruzeirense. Podem achar o que quiser. Não importo. Depois de tantos anos nem sofro mais com futebol.

OE: Quais são as principais diferenças entre a transmissão esportiva em canais abertos e canais ‘fechados’?
Guiotti: Nunca me importei muito com isso. O canal aberto tem uma audiência maior. No caso da Globo os cuidados e as cobranças são maiores na TV Aberta. Os canais abertos estão crescendo muito no Brasil. São canais especializados.

OE:  Guiotti, é comum ligarmos a TV, ou abrimos um jornal, e notarmos que um percentual considerável das notícias trata da precariedade dos serviços públicos básicos, como saúde, educação e segurança pública, e paralelo a isso, vemos o dinheiro público sendo despejado aos montes nas obras da Copa de 2014, inclusive em estádios particulares, qual sua opinião respeito?
Guiotti: Esse dinheiro público que você fala não iria para atender as necessidades básicas da população.  São investimentos públicos de interesse político. Esse dinheiro para a Copa do Mundo é um dinheiro novo. Não está desviando de nenhum lugar. Os serviços não serão prejudicados porque estamos nos preparando para sediar a copa. Desde quando a família real chegou ao Brasil em 1908 que temos esses mesmos problemas de saúde, educação, segurança e etc. Com ou sem Copa estes problemas vão continuar. O problema do Brasil é o desvio. O nosso dinheiro público não tem dono. Os políticos não respeitam esse dinheiro. Pelo menos com a Copa os governos estão fazendo alguma melhoria.

OE: O futebol brasileiro tem repatriado muitos jogadores, e com salários cada dia mais altos, o futebol brasileiro vive um momento especial economicamente? Apesar disso, porque os clubes, na grande maioria, são tão amadores em suas administrações?
Guiotti: O futebol brasileiro vive um momento de transição. Os clubes estão deixando de ser familiar e amador. Nossos times estão começando a trabalhar com orçamento anual. Tem muito dinheiro entrando. Estão descobrindo agora que o futebol bem gerenciado é uma grande fonte de recursos. O momento econômico do país também ajuda muito. Os clubes estão se modernizando e buscando o que os europeus fazem de melhor.

OE:  Nos últimos anos, criou-se um abismo muito grande de receitas entre os clubes do Rio de Janeiro e São Paulo com os demais, mesmo em comparação com grandes mercados como o mineiro e gaúcho, o campeonato brasileiro de 2011 traz na tabela de classificação essa disparidade. Essa é uma tendência para o futuro onde quatro ou cinco clubes vão lutar pelos títulos ano a ano assim como em alguns campeonatos europeus?
Guiotti: Acho que não vai chegar a tanto. Vamos continuar tendo 12 grandes clubes com chances de conquistar títulos. Existe sim essa diferença. Ela é até natural. Os clubes fora do eixo é que precisam buscar alternativas. Os clubes de Rio e São Paulo não têm Centros de Treinamentos modernos como tem em Minas e Rio Grande do Sul. Não tem como negar que os mercados de Rio e São Paulo são mais importantes. Essa diferença financeira pode ser compensada com outras ações. Nossos times ainda não conseguiram descobrir tudo que o futebol pode render. Ninguém tem estádio moderno, museu, lojas especializadas em pontos estratégicos. Os times europeus ganham dinheiro com a marca de forma eficiente. Nosso time ainda tem muito a aprender.

OE: Guiotti, em seu blog, sua última postagem você intitula como “Pobre futebol mineiro”, Minas estão na iminência de ficar sem dois ou até mesmo os três clubes na série A, o que representaria esse ‘tragédia’ para um estado tão apaixonado pelo futebol?
Guiotti: Nunca os times mineiros fizeram uma campanha tão ruim. Dos cinco piores times das séria A, 3 são de Minas. Poderemos ter sim 2 ou 3 caindo para a série B. Isso é muito ruim para todos. Jogar uma série B é muito ruim em todos os aspectos. Perde-se muito dinheiro e em um momento que os clubes estão precisando se modernizar.

OE: Por fim, gostaria de agradecer-lhe pela atenção, desejar todo sucesso, e pedir que deixe uma palavra para aqueles que são apaixonados pelo esporte e pelo jornalismo esportivo.
Guiotti: O jornalismo é algo fantástico em nossas vidas e nos dias de hoje ganharam uma importância muito grande. O esporte de uma maneira geral vem crescendo muito em todo o mundo. O Brasil está se preparando para Sediar uma copa do mundo e uma olimpíada.  Isso é fantástico. Vemos viver dias históricos e temos que estar preparados para isso. Vem ai muitas oportunidades de negócio e de crescimento. Sobre o futebol em especial, nunca devemos esquecer que ele é apenas um esporte e não uma forma de vida. A paixão pelo futebol não pode influenciar no nosso dia a dia. Ele é apenas uma forma gostosa de viver a vida.

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